domingo, 27 de fevereiro de 2011

Eritrina do Texas (Erythrina herbacea)

              Esse arbusto é um dos destaques da nossa coleção, por sua forma escultural e aparência exótica, assim como por suas belas flores. Foi presente do colecionador e produtor de plantas e, principalmente, grande amigo e colaborador Edilson Giacon de Limeira, SP. Quase perdemos essa muda quando a ganhamos! Voltando da produção do Giacon quase sofremos um acidente, onde fui forçado à frear bruscamente o carro, lançando o vaso no assoalho do carro e quebrando vários galhos! O Murilo quase infartou! Mas felizmente, depois de plantada onde viria a ser seu lugar definitivo, ela se recuperou muito bem, brotando vários galhos novos. Só nos dá trabalho, às vezes, quando é atacada por cochonilhas, o que prejudica um pouco sua floração.
               Este raro arbusto originário do sul dos Estados Unidos, da Flórida até o Texas, é uma raridade no Brasil e cobiçado por colecionadores de plantas ornamentais.
               De porte compacto, atinge em média 90cm, mas pode chegar a 1,5m, pouco ramificado com galhos  revestidos por pequenos espinhos e  folhas  compostas, alternas e com três folíolos com um formato curioso, que lembra uma flecha. É um planta caducifólia,  o que quer dizer que durante o inverno fica desprovida de folhagem. A base do seu caule, quando adulta, fica dilatada, lembrando uma Pata de Elefante (Beaucarnea recurvata).
               No final do inverno surgem as inflorescências de até 15 cm de comprimento, em cachos de flores rosa-avermelhado, com formato que parece feito para um bico de beija-flor, os quais são muito atraídos por elas, além das borboletas e abelhas. Os frutos são vagens cilíndricas repletas de sementes vermelhas, com uma mancha preta e tóxicas.
               É cultivada sob sol pleno, solo arenoso acrescido de matéria orgânica, resistindo bem à secas, sendo ótima para vasos, jardins rochosos, contrastando com cactos e suculentas, e mesmo como elemento isolado no jardim.
               A propagação é feita através de sementes.
               Nos Estados Unidos é conhecida com Feijão Cherokee ou Feijão Coral.


                                       Quando a plantamos tínhamos que protegê-la das galinhas!

Vitória-régia (Victoria amazonica) - Uma moradora de sangue azul na Quinta do Brejo


               Ontem a Quinta do Brejo recebeu mais uma moradora ilustre: uma Vitória-régia (Victoria amazonica)!Ilustre representante da nossa rica flora brasileira, ela agora vai mostrar sua beleza por aqui. Com muita festa ontem, e a companhia de amigos e parentes, o Murilo respeitosamente instalou-a na sua nova morada, que esperamos que agrade e comporte essa nova hóspede. Apesar de existirem exemplares adaptados até em Santa Catarina, onde se comporta como anual, devendo ser replantada todos os anos através de sementes, ainda não sabemos como se comportará por aqui pois, apesar de ser uma região extremamente quente, temos alguns dias de frio não muito intenso no inverno.


               A Vitória-régia é a planta aquática que mais chama a atenção devido ao tamanho descomunal das folhas, Estas chegam a medir de 1 a 2 metros de diâmetro, com bordas levantadas de 5 a 10 centímetros de altura. Em 1837 foi batizada como Victoria regia em homenagem à rainha Vitória da Inglaterra que chegou a vê-la florida no Kew Garden de Londres. Entretanto descobriu-se mais tarde que, 5 anos antes, a planta já havia sido classificada como Euryale amazônica. Para evitar confusão e não decepcionar a sua majestade o nome oficial ficou sendo Victoria amazonica.

              Além das folhas outra atração são as flores que exalam um perfume agradável que lembra a do abacaxi. Elas duram apenas dois dias. Desabrocham numa cor branco-creme no finalzinho da tarde do primeiro dia e fecham-se ao amanhecer. Ao entardecer do segundo dia voltam a se abrir. Só que agora com um colorido róseo ou avermelhado que dura até manhã seguinte. Depois morrem.
              O cultivo dessa planta sempre foi um desafio para os pesquisadores.  Durante um período de dez anos o padre e naturalista Raulino Reitz e o botânico Valdemiro Nasato da cidade de Indaial em Santa Catarina tentaram adaptar esta planta aquática para o sul do Brasil com sementes trazidas da Amazônia, que não conseguiram suportar os rigores dos invernos sulinos. Sua adaptação só foi possível quando o padre assumiu o Jardim Botânico no Rio de Janeiro. Assim, a planta foi aclimatada em duas etapas: primeiro no Rio de Janeiro e depois em Indaial. Numa de suas viagens ao Rio de Janeiro Nasato visitou  o amigo no Jardim Botânico, resolvendo então trazer mudas  para Indaial. Foi um trabalho muito importante pois, no clima da cidade catarinense, as sementes dificilmente germinariam. Finalmente, com muito esforço e perseverança, como há 150 anos fazia o jardineiro Inglês chamado Baxter, responsável pelo cultivo da Vitória-régia na Inglaterra, o Sr. Nasato conseguiu aclimatá-la em Santa Catarina e produzir mudas para a comercialização. Segundo especialistas, devido ao clima da micro-região de Indaial/SC, a Vitória-régia sofreu uma mutação genética natural, tornando-se mais bonita, colorida e com suas bordas mais altas.
                 Esperamos que, apesar do espaço redduzido, ela desenvolva-se e fique tão bonita como a que vimos ano passado no Kew Gardens, em Londres, dentro de uma estufa com água aquecida!
             



 Nossa grande amiga, a cirurgiã plástica Silvana Montefeltro Fraga, participou do plantio da Vitória Régia.







 LENDA DA VITÓRIA-RÉGIA

              Conta a lenda que uma bela índia chamada Naiá apaixonou-se por Jaci (a Lua), que brilhava no céu a iluminar as noites. Nos contos dos pajés e caciques, Jaci, de quando em quando, descia à Terra para buscar alguma virgem e transformá-la em estrela do céu para lhe fazer companhia. Naiá ouvindo aquilo, quis também virar estrela para brilhar ao lado de Jaci.

Durante o dia bravos guerreiros tentavam cortejar Naiá, mas era tudo em vão, pois ela recusava todos os convites de casamento. E mal podia esperar a noite chegar quando saía para admirar Jaci, que parecia ignorar a pobre Naiá. Esperava sua subida e descida no horizonte e já quase de manhãzinha saia correndo em sentido oposto ao Sol para tentar alcançar a Lua. Corria e corria, até cair de cansaço no meio da mata. Noite após noite a tentativa de Naiá se repetia, até que adoeceu. De tanto ser ignorada por Jaci, a moça começou a definhar.
Mesmo doente, não havia uma noite que não fugisse para ir em busca da Lua. Numa dessas vezes a índia caiu cansada à beira de um igarapé. Quando acordou, teve um susto e quase não acreditou: o reflexo da Lua nas águas claras do igarapé a fizeram exultar de felicidade! Finalmente estava ali, bem próxima de suas mãos. Naiá não teve dúvidas: mergulhou nas águas profundas, mas acabou se afogando.

Jaci, vendo o sacrifício da índia, resolveu transformá-la numa estrela incomum. O destino de Naiá não estava no céu, mas nas águas a refletir o clarão do luar. Naiá virou a Vitória Régia, a grande flor amazônica de águas calmas que só abre suas pétalas ao luar.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Começou a mudança!

               Apesar da estufa não estar pronta, nesse fim de semana decidimos começar a levar os cactos para a Quinta. Precisava desocupar um pouco minha casa, que está em reforma, e evitar qualquer dano a eles.
              Com a ajuda da minha irmã, Elisa Mara, da minha sobrinha Juliana, prima Rosana e amiga Cássia, além da companhia dos cachorros, enchemos duas caminhonetes de cactos!
              Pouco valeu! Apesar de terem ficado muito bonitos e bem instalados não transportamos um décimo do total e os mesmos ocuparam apenas uma bancada da futura estufa! Sem contar as centenas de espetadas que levamos! Mas o trabalho das formiguinhas vai continuar!
Alguém se habilita a ajudar?





segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ruspolia (Ruspolia hypocrateriformis)

Esse pequeno arbusto raro, da família das Acanthaceas, nativo da äfrica do Sul e Zimbabwe, nos chegou às mãos através de sementes oferecidas pelo grande Harri Lorenzi (Instituto Plantarum). Ele é tão raro que é difícil mesmo encontrar informações sobre ele no Google.
É uma planta robusta que cresce até 1 metro de altura e largura aproximadamente, preferindo sol pleno, solo rico e úmido e clima tropical.
Produz massas de flores laranja-avermelhadas de mais ou menos 2cm em inflorescências densas compostas de muitas flores. Chama muito a atenção de todos que visitam a Quinta.
Cresce muito rápido, florescendo muito cedo e mantendo-se florida por uma boa parte do ano.
Multiplica-se facilmente por sementes, que brotam espontaneamente em volta da planta mãe e por estacas.



Budleia-amarela-de-madagascar ( Buddleja madagascariensis )

              Uma grande novidade para os amantes de plantas raras e diferentes no Brasil, esta Budleia é nativa de Madagascar e o diferencial é que pode ser cultivada praticamente em todo o Brasil, este exemplar da foto, por exemplo, esta se dando muito bem no interior do estado de São Paulo.
              Arbusto de grande porte possui crescimento ereto e escandente, podendo chegar até 4 metros de altura, as folhas são muito ornamentais, perenes, verdes na face superior e prateadas na face inferior, conferindo um efeito de contraste surpreendente.
              Durante o inverno e a primavera surgem em grande quantidade as inflorescências repletas de flores pequenas, muito perfumadas, na cor amarelo-alaranjado e que atraem borboletas, abelhas e pássaros para o jardim.
              Pode ser cultivada em grandes vasos ou como maciços, renques e elemento isolado no jardim, na beira de lagos e córregos criam um efeito fantástico.
              Necessita de sol-pleno, solo rico em matéria orgânica e mantido constantemente úmido, não encharcado.
              A reprodução é feita por estacas lenhosas, herbáceas, sementes ou mergulhia.
              Também é chamada de Arbusto das borboletas, Arbusto-fumaça ou Budleia de inverno. Suas folhas são usadas para tratamento de asma, tosse e bronquite.




domingo, 13 de fevereiro de 2011

Justícia-de-espinho (Acanthus montanus)

             Infelizmente caindo cada vez mais em desuso, este belo arbusto de pequeno porte dificilmente é encontrado nos viveiros de produção de plantas ornamentais, apesar de ter sido muito usado por Burle-Marx.
             Nativo da região Mediterrânea e África tropical cresce em torno de 40-60 cm de altura, as folhas coriáceas e marmorizadas em vários tons de verde possuem a superfície brilhante, margem providas de espinhos, estes não apreciados pelos cultivadores da espécie, mas que somados a todas as características da planta conferem um grande efeito ornamental no jardim. Aqui no nosso cultivo procuramos plantá-lo em lugares afastados da circulação de pessoas.
             As inflorescências em forma de espigas nas pontas dos ramos na cor rosa esbranquiçado surgem na primavera e verão e destacam ainda mais a beleza da planta, sendo muito atrativas para abelhas e beija-flores, mas devem ser cortadas quando secas para não prejudicar o efeito visual da planta.
             O seu cultivo é recomendado na forma de grandes maciços ou até servindo com uma cerca viva de baixo porte, para delimitação de áreas, em regiões onde o clima é subtropical e úmido, o solo deve ser rico em matéria orgânica e bem drenado. Tem raízes agressivas, sendo ideal para recobrir taludes.
             Apesar de preferir clima subtropical, é outra planta que está se dando muito bem no interior do estado de São Paulo, num calor infernal!
             Das suas folhas é extraída uma substância de efeito analgésico, É usada na medicina tradicional africana para infecções urogenitais, endometrites, doenças urinárias, cistites e dores em geral. Na Nigéria, suas raízes são muito usadas no tratamento de furúnculos.



Cuféia-cara-de-morcego (Cuphea llavea )


              Depois de muito procurar, conseguimos essa planta na Floricultura Úrsula no Rio Grande do Sul. Tínhamos dúvidas se íriamos ter sucesso com ela no nosso clima tão quente, mas a cada ano ela fica mais e mais bonita! Cultivamos a nossa no solo, mas breve faremos experiências em vasos para vermos como ela se comporta.
              Herbácea perene originária do México que de acordo com o clima pode se comportar como anual. Suas flores tubulares com detalhes em violeta terminam em 2 pétalas vermelho brilhante que levaram a planta a ganhar o típico nome popular. Chega até 60 centímetros de altura e pode-se cultivá-la como forração em grandes maciços e  bordaduras sempre a sol pleno, tolerando meia-sombra. Prefere climas quentes, solos bem drenados e é muito resistente à secas, mas é resistente a até 6° C. Sua floração ocorre durante a primavera se estendendo até o outono. O solo deve ser rico em matéria orgânica e mantido úmido e a reprodução é feita por sementes e estacas herbáceas, também ocorrendo naturalmente por mergulhia nos canteiros. É muito atraente para beija-flores, borboletas e abelhas. Quanto ã pragas as mais comuns são pulgões e moscas-brancas.
             Também é chamada de Ratinho, planta de São Pedro e Orelhas de Coelho, mas achamos  Cara de Morcego (Batface  mais ilustrativa., porque, olhando-se a flor de frente, vê-se claramente a criaturinha muito frequente em filmes de terror. Existem também  variedades dobradas, registradas como Cuphea llavea "Flamenco Samba" e C. llavea 'Totally Tempted´ .
Aqui Natália, filha de nossos grandes amigos Samyr e Flávia, que como toda criança, se diverte com a flor.

 Uma brincadeira que gostamos de fazer com as crianças (e que adultos também curtem) é comparar a flor morcego com a flor borboleta (Clerodendron ugandensis).